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A volta do Garimpo na Amazônia



Publicado em: 30/08/2003 21:26:05

A organização não governamental Amigos da Terra - Amazônia Brasileira garante que já existem evidências da retomada do garimpo em nove pólos e alerta: os poderes públicos estariam despreparados para encarar os impactos ambientais e sociais do retorno dessa atividade econômica.
O que leva os ambientalistas Roberto Smeraldi e Renata Carvalho, da Amigos da Terra, a preverem uma nova corrida garimpeira é a constatação de que o ouro foi o ativo mais rentável no mercado internacional em 2002. O metal subiu 25% além do aumento do preço do dólar, 14% do yen, 13% da libra esterlina e 7% do franco suíço. E disparou em relação à bolsa de Nova Iorque (52%) e à de Tóquio (44%). "O preço do ouro, que iniciou 2002 a US$ 278 por onça, fechou o ano em US$ 343", observam os pesquisadores em seu trabalho "Ouro na Amazônia - Retomando as velhas trilhas".
Eles acreditam que esses valores não devem cair até 2004, o que atrairia novas levas de garimpeiros à Amazônia. Com eles iria junto a devastação social e ambiental associada: conflitos entre indígenas, garimpeiros, latifundiários e multinacionais e impactos sobre solos e bacias hidrográficas, com a remoção mecânica do leito dos rios e seu assoreamento.
A nova corrida do ouro repete exatamente os vícios de antes. Ocorre em nove pólos, entre eles as terras indígenas Yanomami e Raposa-Serra do Sol, ambas em Roraima. Na primeira, mais de mil garimpeiros chegaram em monomotores que posam três vezes por semana na região. Na outra, que já foi demarcada mas que permanece sem a homologação do Ministério da Justiça, havia em 22 de maio pelo menos seis balsas de garimpo.
Os demais pólos são o projeto de assentamento em 14400 hectares de Juruena, no Vale do Amanhecer (MT), Jacareacanga e Altamira (ambas no Pará), onde mineradores estariam lançado atualmente 500 g de mercúrio por dia no rio Xingu. Na velha Serra Pelada, no mesmo estado, a maior briga é pelo pagamento das cinco mil toneladas do mineral paládio, entregue junto com o ouro à Caixa Econômica Federal durante o garimpo dos anos 1980.
O valor da disputa pode chegar a incríveis R$ 14 bilhões, em que estão envolvidos, além dos seis mil garimpeiros que aguardam autorização para recomeçar a exploração, o coronel reformado Sebastião Curió, aquele que nos anos 1970 combateu a guerrilha do Araguaia e mais tarde se tornou o capo de Curionópolis.
Em julho também foram localizados focos de garimpo em Manicoré, Jutaí e Macaã, no Amazonas. Na primeira cidade já se encontram pelo menos 300 garimpeiros às margens do rio Madeira, onde a concentração populacional pode se agravar enormemente nos próximos anos, se a Eletrobrás levar adiante a intenção de construir ali pelo menos duas grandes hidrelétricas naquele curso d´água.
Em Jutaí e Macaã às margens do Solimões, como é conhecido o trecho do rio Amazonas compreendido entre as bocas dos rios Javari e Negro, as várzeas são ainda virgens e a principal atividade econômica é a pesca.
O impacto ambiental mais visível da extração do metal é a poluição de rios e da atmosfera pelo mercúrio usado para amalgamar o ouro. Uma vez queimado para separar-se do ouro, o mercúrio sublima e vai para atmosfera. Quando é descartado nos rios, acaba entrando na cadeia alimentar dos peixes que são a base da alimentação da população ribeirinha e isso é grave.
A Amazônia é entrecortada milhares de rios e igarapés, o que facilita o transporte do metal contaminante. Uma vez ingerido, ele causa distúrbios no sistema nervoso. Os impactos na saúde humana vão além do mercúrio. Outras doenças são causadas pelas péssimas condições de trabalho dos garimpeiros e agravadas ela inexistência de sistemas de saúde locais. Espalham-se doenças infecto-contagiosas - hepatite, cólera, leishmaniose, hanseníase, tuberculose - e doenças sexualmente transmissíveis.
Os grandes contingentes humanos desmatam as margens dos rios para construção de alguma infra-estrutura de habitação. Mas, regra geral, quase nunca conseguem impedir as péssimas condições de vida que caracterizam a ocupação da floresta. As primeiras buscas por ouro na Amazônia começaram no século 17, quando holandeses e franceses garimparam o rio Maracá (AP) e em 1716, ano em que outros exploradores descobriram o metal no rio Coxipó-Mirim, em Cuiabá (MT).
Mas, os grandes movimentos tiveram lugar no século 20. No final dos anos 1970, dezenas de milhares de nordestinos expulsos pela seca e os desocupados pelo fim dos grandes projetos de infra-estrutura na Amazônia foram para o meio da selva procurar o Eldorado. Receberam o sinal verde dos governos do golpe civil-militar de 1964, que também incentivaram a entrada na Amazônia tanto de corporações multinacionais quanto de grandes empresas mineradoras de capital nacional. Entre elas, Smeraldi e Renata destacam a Andrade Gutierrez, Odebrecht, CR Almeida, Paranapanema, Tenenge, Máster, Contran, Sultepa e Cimento Cauê.
As décadas se passaram, mas esses ciclos de devastação não proporcionaram qualquer aprendizado. Ao contrário, a situação se agravou. Agora, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostra que o desflorestamento aumentou em 2002 40% em comparação a 2001, não se conseguiu prover a Amazônia de sistemas de saúde sequer em escala suficiente para atender à sua população tradicional. Quanto mais ao exército de desempregados e subempregados. Segundo o IBGE, eles chegam ao explosivo índice de 26%.(fonte - Pasquim/ Amazônia.org)


Autor:   Pedro Jacobi - O Portal do Geólogo


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