A verdade
sobre as explosões da Mina do Feijão em Brumadinho Pedro Jacobi No dia 25 de Janeiro de 2019 a barragem de rejeitos da Mina do Córrego do Feijão rompeu. A gigantesca massa de rochas e lama se deslocou a uma velocidade assustadora matando tudo e todos que estavam no seu caminho. Foi o maior desastre da história da mineração brasileira. Maior ainda do que outro, similar, causado pela mesma empresa, a VALE, três anos antes, em Mariana. Desde então muito se tem dito a respeito das causas e dos causadores do desastre. De um lado alguns procuram a verdade e do outro, uns poucos, tentam, de todas as maneiras, encobrir fatos relevantes pretendendo com isso diminuir a responsabilidade da mineradora Vale. No início a Vale negava qualquer instabilidade na barragem. Mais tarde soubemos que a Mineradora sabia de tudo e que a barragem apresentava, não só problemas de instabilidade, como rachaduras e trincas, algumas possivelmente relacionadas a injeção de água em dutos horizontais. Que, misteriosamente, no momento do desastre a barragem era inspecionada por uma enorme equipe de técnicos (mais de 10) que vasculhavam as encostas em busca de evidências: a mina devia estar em alerta vermelho. Mas, todas essas evidências foram sempre minimizadas pela mineradora, que busca de todos os modos limitar as suas responsabilidades. Na última escaramuça os investigadores, entre os quais o Del Paulon da DEMACA, descobriram que no dia da catástrofe existiram duas detonações. No início a Vale, como sempre, negou. No entanto com a publicação de uma foto de um aviso de detonação programado para o dia 25 no início da tarde, a Vale, através dos seus representantes, finalmente concorda que houve a segunda explosão, mas que ela só aconteceu depois do rompimento da barragem. A VALE, pelo visto, MENTE, mais uma vez. O que nós do Portal do Geólogo sabemos é que no dia houveram, realmente, duas explosões e a PRIMEIRA OCORREU SEGUNDOS ANTES DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM. Como é possível afirmar algo tão sério? Simples! Observe com atenção os dois sismogramas acima. Todas es explosões efetuadas na região são SEMPRE registradas nos sismógrafos das estações BSCB (Bom Sucesso,MG) e DIAM (Diamantina, MG), ambas pertencentes à RSBR (Rede Sismográfica Brasileira). A imagem acima é o registro inequívoco do rompimento da barragem em dois sismogramas ( Bom Sucesso e Diamantin ). As marcações circuladas em verde são DETONAÇÕES DE EXPLOSIVOS. São duas e ocorrem alguns segundos antes e seis minutos depois. Detonações como estas são comuns e facilmente identificaveis. O ruído destacado em vermelho é o registro sísmico da avalanche de lama que foi registrado por aproximadamente 5 minutos após o rompimento da barragem. Perceba que os horários no sismograma estão em UTC (padrão em Sismologia), NO DIA ERAM duas horas a mais que o horário local em MG. Ou seja: eram 12:29 quando houve a primeira explosão e COINCIDENTEMENTE ocorreu o rompimento. Está tudo registrado. A grande pergunta que se faz é: - Existiram inúmeros erros que, aos poucos enfraqueceram a barragem e, então, a explosão, que ocorreu as 14:29, foi efetivamente o estopim da catástrofe em uma barragem enfraquecida? Será que o desastre de Brumadinho foi mais uma "tempestade perfeita" onde tudo conspirou para o momento do rompimento? Resta agora investigar. Os investigadores devem requerer os sismogramas e desvendar o que aconteceu nos últimos segundos antes do rompimento da barragem. 28922
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