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O excremento que mudou a geografia do mundo



Publicado em: 07/09/2015 16:35:00

Entre os vários legados que os Incas nos deixaram um dos mais impactantes e, mesmo assim, pouco conhecido é o do guano.

Os Incas já utilizavam o guano por mais de 1.000 anos antes da chegada dos conquistadores espanhóis.

O guano é um fertilizante natural riquíssimo em fosfato e nitrogênio, resultante da acumulação de excrementos e urina de pássaros e/ou morcegos ao longo de milhares de anos. Estudos mineralógicos indicam que o guano é fundamentalmente composto por minerais como a hidroxiapatita, apatita, variscita e crandalita.

Os fosfatos estão entre os fertilizantes mais importantes e eficientes e são usados intensivamente na agricultura, pecuária e nas indústrias químicas.

Os Incas sabiam da importância do guano que se acumulava em algumas ilhas como as Chincha, na costa do Peru.

Ilhas Chincha- lavra de Guano Essas três pequenas ilhas graníticas a pouco mais de 20km da costa abrigavam uma população gigantesca de pássaros cujos excrementos, ao longo de milhares de anos, formou uma espessa camada de guano que ultrapassava 45m.

Diziam os espanhóis que o cheiro dessas ilhas (foto) era tão intenso que afastava a maioria dos visitantes.

Nada crescia nas ilhas Chincha.

Mas os Incas sabiam muito bem o valor do guano lá depositado ao longo do tempo geológico.

Os espertos conquistadores espanhóis, em seus relatórios, discutiram o enorme valor que os dirigentes do Império Inca davam ao fertilizante. Segundo eles os acessos às ilhas era proibido e qualquer perturbação aos pássaros era punida com a morte.

Ilhas Chincha- lavra de Guano Somente em 1802 o naturalista e geólogo prussiano Alexander Von Humbolt (autorretrato 1815) iniciou uma pesquisa sobre as propriedades fertilizantes do guano, que atraiu a atenção mundial e detonou o famoso Boom do Guano.

Foi no século 19 que o boom se intensificou e os europeus invadiram as ilhas peruanas e do Caribe depredando quase todos os recursos de guano existentes na costa do Pacífico.

Fortunas foram feitas e a exploração do guano se propagou a todos os cantos da Terra.

Em 1828 um navegador americano descobriu uma ilha na costa da Namíbia coberta por “excrementos de pássaros”. A história foi contada em um livro e gerou uma nova corrida ao guano, tido, então, como o melhor fertilizante do mundo.

Em 1842 uma pequena expedição redescobriu a Ilha de Ichaboe na costa Sul-Africana. A notícia fez milhares de aventureiros se lançarem em busca do guano africano.

Um capitão inglês, Sir John Marshall, escreveu em seu diário o inferno que eram  as jazidas de guano africanas: “ imagine uma frota de 233 embarcações, algumas delas velhas e obsoletas, conduzidas por tripulações de bêbados e desqualificados, mais de 3.500 tripulantes da pior espécie...”

Em pouco tempo as ilhas africanas de Ichaboe e outras similares foram literalmente limpas de todo o guano.

Como era de se esperar a riqueza atraiu a atenção das potências e durante a Guerra do Pacífico (1879-1883) o Chile se apoderou de grande parte das jazidas peruanas de guano e salitre.

Em 1856, de olho na riqueza do guano, os americanos, em um ato imperialista clássico, promulgaram o Ato das Ilhas de Guano.

Através deste ato qualquer cidadão americano poderia se apoderar de qualquer ilha com jazimentos de guano em qualquer lugar do planeta...

Esta lei dava ao presidente americano o poder do uso de força militar para proteger os interesses destes americanos e, consequentemente, segurar as jazidas de guano.

Na época os Estados Unidos já importavam quase 800.000 toneladas de guano.

Foi através deste ato que os Estados Unidos “conquistaram” mais de 100 ilhas ao redor do globo, alterando completamente a geografia do planeta.

Algumas destas ilhas do Ato do Guano ainda continuam em litígio.




Autor:   Pedro Jacobi - O Portal do Geólogo

  

 


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