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Est� cada vez mais comum vermos in�meros artigos alarmistas sobre assoreamento e os males que ele causa. Muito do que se escreve sobre o assunto �, realmente, preocupante e deve ser olhado com cuidado por todos. No entanto a ind�stria de not�cias pseudo-cient�ficas � grande e s�o frequentes os absurdos propalados como dogmas de f�. Um deles se destaca pela frequ�ncia com que � repetido:

De tanto ouvirmos as mais desencontradas not�cias sobre o assoreamento como a grifada acima, resolvemos escrever algumas linhas sobre o assunto desmistificando alguns dos pilares desta ind�stria do alarmismo que infesta a m�dia e a cabe�a de muitas pessoas que nela acreditam piamente.


Vista de sat�lite de rios com seus leitos devastados pela garimpagem aluvionar predat�ria na Amaz�nia	Detalhes de um leito de rio ap�s a lavra aluvionar predat�ria.

O que � assoreamento? Os processos erosivos, causados pelas �guas, ventos e processos qu�micos, antr�picos e f�sicos, desagregam os solos e rochas formando sedimentos que ser�o transportados. O dep�sito destes sedimentos constitui o fen�meno do assoreamento.

O assoreamento � um fen�meno moderno? De forma nenhuma. O processo � t�o velho quanto a nossa terra. Nestes bilh�es de anos os sedimentos foram transportados nas dire��es dos mares, assoreando os rios e seus canais, formando extensas plan�cies aluvionares, deltas e preenchendo o fundo dos oceanos. Incont�veis bilh�es de metros c�bicos de sedimentos foram transportados e depositados.

Se este processo fosse filmado e o filme, destes bilh�es de anos, condensado em poucas horas n�s ver�amos um planeta vivo, em constante muta��o, onde as montanhas nascem e s�o erodidas tendo o seu material transportado para os mares que s�o completamente assoreados por sedimentos que ser�o comprimidos e se transformar�o, por for�a da press�o e temperatura em rochas que ir�o formar outras montanhas que ser�o erodidas ... e o ciclo se repete.

Enquanto a terra for quente estes ciclos ir�o se repetir com ou sem a influ�ncia do homem. A medida que o nosso planeta esfriar e as montanhas erodidas n�o forem substitu�das por novas a� sim teremos o fim da eros�o e, naturalmente do assoreamento.

O Homem est� acelerando o assoreamento? Sim. Infelizmente o Homem atrav�s do desmatamento e das emiss�es gasosas contribui para o processo erosional o que acelera o assoreamento como pode ser visto nas imagens acima. Mas qualquer fen�meno natural como vulc�es, furac�es, maremotos e terremotos pode, em poucas horas, causar estragos muito maiores do que aqueles causados pela influ�ncia do homem.

Mesmo em vista destes fatos n�o devemos minimizar a influ�ncia do Homem no processo.

Afinal o assoreamento pode estagnar um rio? N�o. O assoreamento pode afetar a navegabilidade dos rios obrigando a dragagens e outros atos corretivos, mas, enquanto existirem chuvas a �gua ir� continuar, inexoravelmente, correndo em dire��o ao mar, vencendo, nos seus caminhos todas as barreiras que o homem ou a pr�pria natureza colocar.

A natureza mostra que � praticamente imposs�vel represar as �guas mesmo em situa��es dr�sticas como a forma��o de uma montanha. Um exemplo cl�ssico � o do Rio Amazonas. A centenas de milh�es de anos as �guas onde hoje � a Bacia do Amazonas corriam para Oeste. Com o soerguimento da cordilheira dos Andes estas �guas foram, a princ�pio impedidas de fluir naquela dire��o, mas com o tempo mudaram de sentido correndo para Leste, transportando imensos volumes de sedimentos que se depositaram (assoreando) no gigantesco vale tipo "rift" que hoje � chamado de Bacia do Amazonas. Nem por isso o nosso rio deixou de fluir.

N�o h� como dissociar um rio do seu sedimento. Um n�o existe sem o outro. O assoreamento poder� matar os lagos, mas nunca o rio que, enquanto houver o ciclo hidrol�gico, continuar� no sua incans�vel jornada em dire��o ao mar.